22 de setembro de 2005

Sobre as penosidades e subsídios de risco, ocorre-me esta ideia. Aliás, várias. Uma mulher usa o computador para se satisfazer sexualmente. Enquanto isso, vai efectuando as suas tarefas diárias. Não corre riscos. Não é penoso. Pode dizer, ai, ui, chupo-te aqui , mordo-te acolá, ai que te adoro, enterra-o mais fundo, mais, mais, beijo-te, amo-te, os teus lábios, os teus dentes, ai a tua boca, vem-te para mim. Enfim, todo um frenesim. Enquanto isso limpa o pó, arruma a casa, faz as suas tarefas no trabalho, uma vida perfeitamente normal. Displicentemente vai semeando pelas várias janelinhas umas frases e alimentado estes maravilhosos e criativos diálogos.
Mas e uma prostituta? Essa corre o risco de apanhar doenças, engasgar-se a fazer um broche (e sem ninguém competente para lhe fazer um Heimlich), de criar varizes de tanta espera nas esquinas, de cultivar bactérias e fungos coisas de que nada entendo, de ser espancada, violada, humilhada.
Estava a pensar que ambas, a cibernética sexual e a prostituta normal, têm muito em comum. Não têm real prazer no sexo. Encaram-no como uma tarefa.
A diferença reside na ausência de risco da primeira e a assunção do perigo da segunda.
Os salários também diferem: uma recebe pelo afagamento de ego, outra em euros.
Tenho porém uma dúvida. Será que o incremento do sexo pelas novas tecnologias retiraram conteúdo e sobretudo actividade ao sexo real ? Era uma questão que gostaria de ver debatida.
O que preferem vocês homens...um broche virtual ou um broche daqueles bem enrodilhados de língua? (saliva à discrição e quanto baste).
Respondam se souberem. Eu não sei. Limito-me a ser praticante.

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