21 de setembro de 2005

a propósito de condições diferenciadas e outras minudências

leio, a propósito de inúmeras profissões, o espanto e a revolta pela perda de algumas condições diferenciadas no que respeita à segurança social e às condições de aposentação.

leio com espanto que os militares querem manter as suas inúmeras condições diferenciadas na assistência médica e social porque a sua profissão é de risco.
achariam que o exército era uma colónia de férias com o bónus de paintball?
não sei se eles estão a ver a coisa.. exército, guerras, tiros...
claro que não estão.


toda a gente que já passou pelo exército tem consciência de terem sidos os anos da sua vida em que fez literalmente coisa nenhuma.
e que não se podem reformar com a mesma idade do comum dos mortais porque o exército é diferente...

mas para quem nunca fez a ponta dum corno na puta da vida.... precisam de quê para quê?????

o mesmo se passa com os enfermeiros
os professores
os inspectores da judiciária
os polícias e os diversos guardas
e mais uma infinidade de profissões que quase me levam a pensar que o regime geral é que é execepção.

não tenho nada contra as condições diferenciadas nas diversas profissões.

tenho contra os argumentos do tipo 'não se muda de regras a meio do campeonato'
o trabalho não é um campeonato.
e as lutas laborais não se jogam a duas voltas.
quando se luta por melhores condições não se argumenta com a 'não mudança de regras a meio do campeonato'
e fazem muito bem.
quando se perdem, esse também não deve ser o argumento.
as regras alteram-se sim. estão sempre a ser alteradas.
como em tudo na vida.

espanta-me que alguns profissionais estejam preocupados com o aumento da idade para a sua aposentação.
a mim preocupa-me se aos 60 anos tenho trabalho.
não é se tenho reforma.
morro de espanto a ver pessoas com 40 anos a discutir a idade da reforma.

eu trabalho por conta de outrem desde os 10 anos.
aos 65 anos de idade terei 55 anos de trabalho efectivo em horário completo.
mas espero ter bem mais saúde e vontade de gozar a minha vida (e provavelmente mais esperança de tempo de vida) do que a maioria dos cidadãos deste país tinham com 60 anos há uns 10 anos atrás.

toda a gente está preocupado com a 'falência' da segurança social.
desde que sejam os outros a pagar por isso.

p.s.
não consigo imaginar qual seria a revolta dos militares e dos seus familiares se um dia os obrigassem... a trabalhar

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