4 de agosto de 2005

as corporações, o orgulho ferido e o rigor estatístico


noticiava há pouco tempo o público um estudo em que afirmava que a faculdade com maior taxa de conclusão de licenciaturas em portugal é a faculdade de medicina dentária do porto.

até aqui nada de anormal.
seja isso verdade ou não.

de imediato o senhor manuel nuno alçada, coordenador de relações publicas da faculdade de medicina da universidade do porto, escreve uma carta à direcção do jornal, esclarecendo o seguinte:

'as faculdades de medicina das universidades de lisboa, porto e coimbra, bem como as faculdades de ciências do desporto e educação física das universidades de coimbra e porto não foram incluidas por terem índices de sucesso superior a cem por cento'

ficamos então a saber, por exemplo, que a faculdade de medicina da universidade do porto tem uma
taxa de sucesso de 126,35%.
e que, dos 90 alunos que iniciaram o seu curso nesta faculdade em 1997/98,
98,87 terminaram o curso em 6 anos.
98,87 alunos?
8 foram clonados completamente e um só foi clonado 87% do seu corpo?
o que lhe faltará?
o cérebro?


não sei se esta estatística vos faz lembrar as recentes eleições na guiné-bissau, onde em algumas mesas de voto haviam mais boletins que eleitores registados.


eu sei que existe a mobilidade dos alunos.
que alguns alunos começaram numa faculdade e terminaram noutra.
que a taxa de sucesso de uns corresponde à de insucesso de outras.
mas não devia este douto relações públicas saber (e escrever) isso???
e não deviam ter feito as contas expurgando os dados que falseiam resultados finais?
que abstronça ideia é esta de reivindicar uma taxa de sucesso de 126%
o nosso ensino superior universitário já chegou ao vale tudo para mostrar que se é melhor que o vizinho?


haja fé.
que pachora não há nenhuma

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