19 de outubro de 2004

O que faz a diferença

Desde pequena que me habituaram a crescer num mundo complexo e surpreendente. Ensinaram-me a ser adaptável e não fazer julgamentos excessivos (queridos pais, um beijo por isso).
Lembro-me que na segunda classe,tive uma amiga da Guiné. Nunca tinha convivido com uma menina negra e adorava-a. Ainda me lembro do nome dela, Ângela Paula e de gostar de lhe dar beijinhos e festinhas, porque tinha a pele muito suave e um cabelo espantoso.
Depois o futebol e partidos. Não creio que ninguém lá em casa, coincidisse muito nestes dois aspectos. Cada um tinha as suas crenças e equipas favoritas. Não me lembro de ninguém se chatear por essa questão.
Na alimentação era igual. Não havia comidinhas especiais para x ou y, o que nos fez crescer a gostar de tudo e a ser boas bocas. E claro que os legumes eram fundamentais.
Quando cresci e fui para a faculdade, o melhor amigo que fiz e de quem muito gosto era e é gay. Não me lembro que isso afectasse em nada a nossa relação, que já tem uns 20 anos.
Se analisar a minha panóplia de amigos, tenho-os dos mais diferentes formatos, opções e texturas. Gosto de gostar deles.
E a diferença deles, nenhum é igual ao outro, enriquece-me e faz-me ser mais eu.
Sou uma pessoa de sorte.
E era isto que eu queria dizer.

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