13 de outubro de 2004

Marianne Faithfull

Texto tirado de um bom blog sobre música. É claro que concordo com tudo o que a lebre escreveu sobre a Marianne Faithfull



Não vou cair no lugar comum de a chamar “venus in furs”, em “Before the poison” Marianne Faithfull é acima de tudo uma bacante a oferecer o sacrifício da sua voz, convocando a dor, a fúria e a luz com o veneno duma voz rouca e grave num álbum de feridas abertas à dor, visceral, cheio de uma tensão dramática perdida entre o apetite e a privação.

Pronto, pronto, vou para com a adjectivação passional duma lebre em perfeito êxtase e tentar ser mais concreta.

Ao longo da sua já longa carreira Marianne Faithfull cantou canções de Jim Morrison, Leonard Cohen, Tom Waits, Kurt Weill, Mick Jagger, agora, em “Before the poison” junta-se a PJ Harvey e Nick Cave, Damon Albarn e Jon Brion.
O álbum divide-se acima de tudo entre as canções escritas por Harvey , cruas e ásperas,; típicas canções da Polly Jean encarnadas pela voz de Marianne.
Com a base habitual de guitarra, baixo e bateria, são canções cheias de energia e “raw power”, e as de Nick Cave onde vamos da melancolia aveludada de baladas belíssimas como “Crazy love” até ao estridente de “Desperanto” que é quase spoken Word.
Porém não nos podemos esquecer das colaborações com Albarn “Last song” uma belíssima balada folk de melodia etérea e a pseudo canção de embalar escrita por Brion “City of quartz”.

Em suma, “Before the poison” é mais um álbum onde Marianne canta canções de outros fazendo-as suas, é um álbum belíssimo alimentado por canções com a textura de uma biografia feita de retalhos de desespero, cigarros e whisky.

“Before the poison” é por si só um veneno de alguém que sobreviveu a si mesma
Embriaguem-se com ele.




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