21 de setembro de 2004

excelentíssimo senhor doutor pedro santana lopes e demais família...

Em cada 100 euros que o patrão paga pela minha força de trabalho, oEstado, e muito bem, tira-me 27,5 euros para o IRS e 11 euros para aSegurança Social.
O meu patrão, por cada 100 euros que paga pela minha força de trabalho, é obrigado a dar ao Estado, e muito bem, mais 23,75 euros para a Segurança Social.
E por cada 100 euros de riqueza que eu produzo, o Estado, e muito bem, retira ao meu patrão outros 33 euros.
Cada vez que eu, no supermercado, gasto os 100 euros que o meu Patrão me pagou, o Estado, e muito bem, fica com 19 euros para si na esmagadora maioria dos produtos (noutros faz o favor de aplicar as 'taxas reduzidas' com excepção daquilo que considera produtos passíveis de 'imposto extraordinário ao consumo', nos quais se incluem, entre outros, as bebidas com álcool) que podem ser superiores a 100% do preço base da mercadoria comprada.
Em resumo:

- Quando ganho 100 euros, o Estado fica quase com 62 .
- Quando gasto 100 euros, o Estado, no mínimo, cobra 19.
- Quando lucro 100 euros, o Estado enriquece 33.
- Quando compro um carro, quando compro gasolina para esse mesmo carro, quando compro uma casa ou um terreno, quando herdo um quadro, registo os meus negócios ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem, fica com quase metade das verbas envolvidas no caso.

Eu pago e acho muito bem, portanto exijo:
Um sistema de ensino que garanta cultura, civismo e futuro, emprego para os meus filhos. Serviços de saúde exemplares.
Um hospital bem equipado a menos de 20 km da minha casa.
Estradas largas, sem buracos e bem sinalizadas em todo o País.
Auto-estradas sem portagens.
Pontes que não caiam.
Tribunais com capacidade para decidir processos em menos de um ano.
Uma máquina fiscal que cobre igualitariamente os impostos.
Eu pago, e por isso quero ter, quando lá chegar, a reforma garantida e jardins públicos e espaços verdes bem tratados e seguros.
Polícia eficiente e equipada.
Os monumentos do meu País bem conservados e abertos ao público
Uma orquestra sinfónica.
Filmes criados em Portugal.
E, no mínimo, que não haja um único caso de fome e miséria nesta terra.

Na pior das hipóteses, cada 300 euros em circulação em Portugal garantem ao Estado 100 euros de receita.

Portanto Sr. PrimeiroMinistro e senhores outros excelentíssimos ministros, governem-se com o dinheirinho que lhes dou porque eu quero e tenho direito a tudo isto.

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