31 de agosto de 2004

a prazeres morreu este verão

a prazeres morreu. soube estas férias.
era a irmã da amélia. a minha prima que toda a vida trabalhou em casa da minha avó.
que ajudou a criar a minha mãe. e que, com todo o direito, está sepultada junto com a minha mãe e a minha avó.

a imagem mais antiga que tenho da prazeres, é uma noite em que a amélia a convenceu a cantar para mim, de gravador em punho.

ao tempo eu passava as minhas férias a fazer recolhas de música, e achei que, por uma razão estúpida nunca o tinha feito na minha terra.
fiquei pasmado com a limpidez da voz e a alegria de cantar.
algumas vezes fui com ela para o campo
algumas vezes ajudamos juntos o meu pai a apanhar umas batatas ( o meu pai dizia... vêm aí umas raparigas para me ajudar.... a rapariga tinha uns 70 anos, ao tempo).
há uns anos comprei-lhe a que, espero, seja em breve a minha casa em fajão e que fica mesmo em frente da casa onde nasci.

a prazeres morreu este verão (como morreu a prima maria dos santos.... sempre sentada na primeira varanda de fajão. o primeiro bom dia sempre que chegava 'olá primo carlos!')

a última vez que tendi massa para a broa foi com ela.
no forno da aldeia que pertence à casa onde nasci... ao lado da que lhe comprei.
foi com as duas pessoas que cantaram para mim naquela longínqua noite da minha adolescência.
a última vez que toquei naquela massa. que formei as broas, que as coloquei na pá.... foi com elas.

um beijo prazeres....



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