10 de agosto de 2004

De serviço e à espera

É Agosto. Estou a trabalhar... ou era suposto estar. Isto porque não há doentes lá fora.

É Agosto. Durante este mês, por obscuro milagre, as solicitações reduzem-se brutalmente. Doentes a quem é oferecida a hipótese de serem operados no sistema público recusam porque vão de férias. Não dá jeito, dirão. Em Setembro aparecerão de novo os telejornais a clamar contra as listas de espera. Entretanto, alguns serviços estiveram com tempos mortos. Não muitos, convenhamos, mas alguns.

Em pontos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com maior acessibilidade, como o meu (perdoe-se-me a imodéstia, mas é verdade), mantém-se o mesmo ritmo mas com cerca de metade dos efectivos, ou seja, também com metade da população a recorrer. Também aqui, em Setembro, acontecerá o mesmo que nos outros sítios: muita gente estará muito doente e precisará de ser vista urgentemente. Situações urgentes estas que surgem, como que por encanto, mau olhado ou por causa do equinócio de Outono, todas ao mesmo tempo na rentrée. Um fenómeno semelhante verifica-se após o Ano Novo, mas esse período tem características próprias, merecedoras de post na época devida.

Sabemos que temos deficiências complicadas no SNS, problemas vários, acessibilidade terrível em muitas áreas, etc. O sistema, contudo, não é nada ajudado pelo facto de muito boa gente usar os serviços de saúde portugueses, pagos do bolso de todos, como uma loja de conveniência.

Vou continuar à espera.

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