30 de junho de 2004

são os gostos que se discutem... as ciências exactas demonstram-se

vem isto a propósito dos gostos musicais

ao contrário do que muita gente acha, eu entendo que os gostos se discutem.
aliás é mesmo das poucas coisas que se podem, e devem, discutir.

eu não vou discutir se o tim dos xutos e pontapés desafina ou não: é óbvio que desafina que nem um cão. e não tenho nada contra isso.
se gostasse de pirotecnia vocal, gostava das celines dions e outras parecidas.
no entanto, posso discutir se aquela estetica musical me agrada ou não.
ou posso discutir se me agrada ou não aquela atitude comportamental.
quanto aos xutos, agradava-me mais a segunda que a primeira (como aliás a toda a geração musical influenciada pelos punk)
o facto dos sex pistols terem influenciado uma geração de músicos não os tornou mais afinados, mais criativos musicalmente, menos minimal repetitivos quanto á quantidade de diferentes acordes produzidos por música.
se eu acho que os van der graaf generator eram uma excelente banda e os marillion eram/são uma cópia reles é discutível, porque não é demonstrável.
é sentível. apenas
se neste momento tenho no carro a acompanharem-me as viagens o tom waits, os patrick street, a victoria williams, os fatima mansions, os levellers, as faltriqueira, as laïs, o paraíba da viola, o frank tovey, os pavilhão 9, os down the replicants , os soundgarden, a cecilia bartolli, os hesperion xx, e mais uns quantos que não me lembro de cor ou não sei escrever os nomes sem parecer mal... e não tenho outros... é porque são estes que me dá gozo ouvir nestes dias e não outros.
não há aqui nenhum padrão. nem no estilo, nem nas qualidades vocais.
a esmagadora maioria da população mundial dirá que muitos deles têm uma excelente voz... para estarem calados.
isso não os torna melhores nem piores.
o tom waits é cantado por imensos outros músicos, louvado por imensos críticos, influencia imensos artistas.... isso não o torna menos criticável, nem impede que se possa dizer que o que ele fazia melhor era dedicar-se á medicina (ele é médico de formação, para os que não saibam...)

achar que os outros não podem odiar ou não gostar de alguém apenas porque nós gostamos é uma ideia tão abstronça quanto idiota.

não gostar de alguém ou de alguma coisa não é falta de respeito.
é, apenas, não gostar

podemos discutir as qualidades poéticas do tim, ou dos outros autores dos textos das musicas.
mesmo visto dentro do exclusivo padrão estético do rock, são pobres.
podemos discutir a criatividade musical.
quanto á inovação, é nula. quem se sente influenciado por eles podia ser influenciado por mais 32 765 outras bandas rock que ficava na mesma.
isso não os torna melhores nem piores.
o que leva as pessoas a gostarem de alguém ou alguma coisa, não tem, a maior parte das vezes nada a ver com alguma coisa explicável.
apenas com as sensações.
com o que nos liga áquelas coisas, áqueles sons, áquelas imagens
onde ouvimos, como ouvimos, com quem ouvimos.


eu adoro o joyce.. e a t diz que prefere mil vezes um outro gajo qualquer.
e daí?

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