"Lost in Translation" é um filme feito por uma menina mimada acerca de uma menina mimada e feito para ser visto por meninas mimadas. O filme não tem atractivos comerciais nenhuns, não tem argumentos intelectuais nenhuns e de facto, para o bem e para o mal, só vale por aquilo que os filmes americanos, no mínimo, valem sempre: uma actriz com um excelente corpo.
É lamentável neste filme a ridicularização dos japoneses. Os japoneses podem ser ridículos sobretudo por adorarem tudo o que provém dos Estados Unidos ou do mundo ocidental. Mas os americanos são ainda mais ridículos por serem uns dos grandes responsáveis por essa cultura superficial e vazia adorada pelos japoneses. O pormenor da cena em que o protagonista fica "lost in translation" já não em japonês mas sim em alemão faz pensar que todo este filme assenta num daqueles típicos traumatismos americanos relacionados com a Segunda Guerra Mundial. Também há uma cena que simbolicamente evoca Pearl Harbour (de resto é a única cena subtil do filme, tão subtil que eu devo ter sido a única pessoa a reconhecê-la).
Se os americanos se interessassem um mínimo em conhecer o "mundo exterior" talvez já não se sentissem tão perdidos em tradução e não sentissem que tudo à volta deles é tão estranho.
O título em português combina bem com o filme: é uma lamentável escolha da autoridade que define e regista os títulos pois não tem nada a ver com o conteúdo do filme mas, tal como este, provoca uma certa sugestão/sedução inicial que nos faz esperar alguma coisa interessante do mesmo. Como já se pode perceber, o resultado é uma grande frustação: o filme acaba por não ter nada de especial, tal como as suas personagens acabam por não serem nem viverem nem sentirem nem pensarem nem desejarem nada de especial. O filme que merecesse o título em português - "O Amor É um Lugar Estranho" - possivelmente seria mais meloso mas seria, a existir, muito mais interessante.
É verdade que Bill Murray tem um desempenho acima da média? É.
É verdade que a protagonista que faz de recém licenciada em Filosofia por Yale passeia em Tóquio com uma mini-saia tipo aluna de "high school" e com peúgas pretas e ténis de pano branco do tipo "fantasia sexual com miúdas atrevidas do colégio que andam de uniforme e só pensam em serem fornicadas à bruta"? É.
Façam um favor a vós mesmos e não vejam este filme miserável. Ou então presenteiem a vossa imaginação com erotismo juvenil-anal e paguem o bilhete.
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