30 de janeiro de 2004

SEXTA-FEIRA

(roubei este poema ao canto de ossanha)


SEXTA-FEIRA

Tranquila Sexta-feira
abandonada Sexta-feira
Sexta-feira cada vez mais triste como ruelas antigas
Sexta-feira de indolentes pensamentos indispostos
Sexta-feira de sinuosos e nefastos espreguiçamentos
Sexta-feira de nenhuma expectativa
Sexta-feira de rendição.

Casa vazia
casa solitária
casa trancada contra a investida da juventude
casa da escuridão e ânsias de sol
casa de solidão, augúrio e indecisão
casa de cortinas, livros, guarda-louça, fotografias.

Ah, como a minha vida fluiu silenciosa e serena
como uma corrente profunda
através do coração dessas silenciosas, abandonadas Sextas-feiras
através do coração dessas tristes casas vazias
ah, como a minha vida fluiu silenciosa e serena.

Forough Farrokhzad


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