24 de novembro de 2003

Porque amamos o Orlando...


Em 1973 começa o futuro da Banda do Casaco, quando Nuno Rodrigues encontra um membro da Filarmónica Fraude(António Pinho) e decidem formar um novo grupo , que tivesse bastante influencia da música tradicional portuguesa.

Pela Banda do Casaco passaram dezenas de músicos e cantores de que será justo recordar Carlos Zíngaro, Cândida Branca-Flor, Rão Kyao, Gabriela Schaff, Né Ladeiras, Helena Afonso, Mena Amaro, Zé Nabo, etc, etc.

Ao núcleo principal, composto por Rodrigues, Pinho e o violoncelista Celso de Carvalho ( recentemente falecido) juntam-se outros músicos, que transformam a Banda do Casaco num dos mais inovadores projectos da música portuguesa.

O seu primeiro disco, um LP, chama-se "Dos Benefícios de Um Vendido no Reino dos Bonifácios" é uma verdadeira provocação.

Verdadeiramente com veia satírica, a banda quase não dá espectáculos ao vivo, limitando-se a gravar e editar os seus discos, com esporádicas aparições na televisão.

Em 1976, o seu segundo trabalho " Coisas do Arco da Velha" é editado e a banda prossegue o seu estilo satírico, em temas como " Morgadinha dos Canibais" ou " A Mulher do Regedor". Um verdadeiro hino torna-se a canção "É Triste Não Saber Ler".

Tó Pinheiro da Silva, hoje reputado técnico de som e, à época, membro do grupo Rock Perspectiva é recrutado como guitarrista e grava com a Banda do Casaco " Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos", no qual participa ,também, Rão Kyao tocando saxofone.

Este é o disco mais experimental desta fase do grupo. Temas como " País Portugal" ou "Geringonça" fazem deste disco ( hoje uma raridade só acessível a melómanos) um dos melhores de sempre da música portuguesa, numa votação do jornal " Público".

Em 1978, o grupo muda de editora e grava "Contos da Barbearia" que os próprios membros da banda consideram uma síntese dos trabalhos anteriores.

Após três anos sem gravar , o colectivo regressa, em 1981, com um novo trabalho "No Jardim da Celeste", que ficou célebre pelo tema "Natação Obrigatória", que chegou a fazer algum furor por conter um verso que rezava "Não há cu que não dê traque". Aparecido em pleno "boom" do Rock português, este disco tem também algumas influências dessa corrente. Como estreantes na banda estavam Né Ladeiras, vinda da Brigada Victor Jara e dos Trovante e Jerry Marotta, baterista de Peter Gabriel.

Em 1982, António Pinho abandona o grupo para ser o letrista das Doce e sai o disco "Também Eu", no qual a única voz presente é a de Ladeiras, o que nunca aconteceu até à data. "Salvé Maravilha" torna-se o tema mais conhecido do disco.

Ti Chitas, tocadora de adufe de Penha Garcia ( Idanha- A- Nova), é a nova convidada do grupo, que actua ao vivo na entrega dos "Se7es de Ouro". O grupo grava com a velha adufeira o seu último disco " Banda do Casaco com Ti Chitas", antes de desaparecer .

Com o fim da Banda do Casaco, a música portuguesa ficou sem a irreverência e as letras satíricas, que faziam do grupo um dos mais originais de Portugal.

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