22 de junho de 2015

Admirável mundo novo : computadores vs oradores ao vivo

 
 


Na pausa para almoço, percorro as notícias do FB. Encontro referência aos jogos artesanais do passado, daqueles de elaboração rápida (um deles, conhecido como "quantos-queres"). Hoje os tempos são distintos. Uma coisa observada em congressos e seminários, entre uma assistência em idade adulta, consiste na utilização de portáteis em jogos de cartas, consulta de correio pessoal, leitura de notícias ... Solidária com os oradores, fico a pensar como seria motivador olhar para uma assistência que escuta e olha com interesse para quem apresenta comunicações, estudos , (afinal ninguém é obrigado a estar presente, ou será que há uma obrigatoriedade a escapar?).

Quanto aos adolescentes em sala de aula, perde-se a conta à diversidade de estratégias de camuflagem bem utilizadas no que diz respeito à utilização de smartphones e afins. Recuando ao tempo de liceu, designação do passado, lembro o passatempo mais votado em aulas 100% expositivas, o jogo de eleição era a batalha naval. A concentração na tarefa era de tal ordem que, de quando em vez,o silêncio ou a voz do professor eram cortados por um "porta-aviões ao fundo!!!". Entre os jogos do século passado e os de hoje, quais poderão gerar maior apreensão? De momento, só me ocorre a utilização da parafernália tecnológica para, em testes e diferentes provas de conhecimento, se poder contar com "auxiliares de memória", tais como dicionários e outros... (talvez a dispersão também seja mais convidativa, pois isto de batalha naval também não era prática constante, ou ainda a tão propalada atitude de tirar fotografias durante as aulas...)

3 comentários:

Luísa disse...

Oh os oradores deveriam ter tido o meu professor de geografia do 9.o ano. Estava quase na idade da reforma, gorducho, meio careca, mas com uns olhos azuis de apaixonar qualquer um. Quando nos perdíamos ele dizia "se não olham para os meus lindos olhos, ao menos olhem para o peluche". Não existia peluche nenhum, mas era o suficiente para nos fazer descer à terra.
No entanto, parece-me que a partir de uma certa idade nem de olhos azuis precisamos, quanto mais de peluches imaginários... ou bem que se respeita quem nos quer ensinar alguma coisa ou bem que somos coerentes e vamos para o bar beber umas 'jolas'...

teresa disse...

Também tive um professor de Geografia de olhos muito azuis e avançada idade. Como a matéria era expositiva ( países, capitais, clima) ele tinha, por hábito, contar pequenas histórias (algumas bem humoradas), relacionadas com as regiões de que nos falava, era a forma de nos manter atentos. Muito rigoroso em matéria de disciplina, não tolerava ser interrompido com um espirro (ou alguém a assoar-se). Felizmente, consegui nunca espirrar na aula (e talvez me tenha assoado 'sem som'). Alguns anos mais tarde - ele era um ilustre sintrense- encontrei-o no comboio, tirou o chapéu, cumprimentou-me e disse «boa tarde, jovem, nunca me tive de zangar consigo, não é verdade?» (fiquei a pensar que, por sorte, nunca surgiu um espirro inoportuno e sim, nestas aulas nunca fui castigada, era de idade avançada e conseguia manter-nos atentos, já noutras aulas...) :)

Luísa disse...

Uau!!!!! Um professor lembrar-se de uma aluna porque nunca se aborreceu com ela... esse senhor era mesmo especial. Normalmente, no que diz respeito ao comportamento, os professores reconhecem as pestes e fazem questão de dizer o quanto se aborreciam com as patetices nas aulas... o professor de geografia já reconhecia o "reforço positivo". :)