22 de setembro de 2014

Enigma

Encontrei esta minúscula foto dentro dum livro antigo de geografia do início do século XX.
Não faço ideia de quem seja e o que representa. Alguém sabe?

13 de setembro de 2014

Fábrica do Inglês/Museu da Cortiça de Silves

Assinar pois então: 
Pela preservação da integridade da Fábrica do Inglês/Museu da Cortiça de Silves como valor cultural industrial/corticeira
Porque a nossa memória colectiva não está à venda! 
Porque os museus e o nosso património cultural não são mercadorias
Factos: 
1. O Museu da Cortiça de Silves, inaugurado em 1999, promoveu a reabilitação do espaço arquitectónico original de uma antiga fábrica de rolhas construída em 1894, também conhecida por Fábrica do Inglês. 
2. O projeto museológico, que incluía todo o espaço fabril, foi internacionalmente reconhecido com o prémio Luigi Micheletti para melhor museu industrial do ano em 2001. 
3. Entre 1999 e 2009, período em que permaneceu aberto, foi um dos mais visitados museus a nível nacional, contribuindo positivamente para a boa imagem da região algarvia e do país, numa área temática e económica -a da cortiça- que nos projeta internacionalmente e em que, justamente, reclamamos primazia. 
4. O Museu e a antiga fábrica em que se insere (agora imóvel de interesse municipal) estão desde 2009 encerrados na sequência do processo de insolvência da sociedade proprietária. Em 2014 este processo terminou em leilão público com a venda do imóvel “Fábrica do Inglês” à Caixa Geral de Depósitos e do espólio museológico (algum dele integrado no próprio edifício) a um grupo privado ligado ao ramo da distribuição alimentar, apesar dos esforços da Câmara Municipal de Silves em o adquirir. 

Considerando: 
- Que o atual proprietário não garante a manutenção (nem a pode garantir não sendo proprietário do imóvel) do espólio museológico no seu lugar de origem, podendo vir a ocorrer uma deslocação do mesmo que lhe retiraria a maior parte do seu valor patrimonial; 
- Que o Museu da Cortiça se constitui como um todo na fábrica em que se localiza, com parte do seu património integrado no edifício e por ele disperso, sendo, por isso, indissociável do espaço que atualmente ocupa; 
- Que este Museu surgiu da vontade de conservar um património local em vias de desaparecimento e em homenagem a uma cidade de importantíssimo passado industrial/corticeiro; foram, sublinhe-se, várias as doações feitas por cidadãos anónimos ao espólio museológico, confiantes na preservação que a instituição faria da memória dos seus antepassados; 
- Que a Assembleia da República, em várias ocasiões, manifestou a sua preocupação pelo destino deste importante património, designadamente através da aprovação unânime da Resolução n.º 129/2010. 
No momento em que Portugal – o maior produtor de cortiça a nível mundial – busca novas formas de promoção externa, parcerias e mercados com o objetivo de um significativo e sustentado desenvolvimento económico... 
Pretendemos: 
1.Que os senhores deputados da República manifestem junto dos atuais proprietários e dos membros do governo, nesta área competentes, a preocupação pelo destino e preservação deste importante património. 
2. Que os senhores deputados usem a sua influência enquanto órgão de soberania para apoiar a candidatura do espólio móvel e integrado do Museu da Cortiça a património de interesse público, processo atualmente em curso por iniciativa da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial. 

Porque a nossa memória coletiva não está à venda! 
Porque os museus e o nosso património cultural não são mercadorias! 

Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial 
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=museucorticasilves 

10 de setembro de 2014

'Os Maias' de João Botelho : notas soltas (e muito pessoais) entre ficção e realidade



Os Maias , romance a merecer, desde sempre, longa metragem, acaba por ver o desígnio cumprido. O enredo, a abranger diversas gerações, desfila ante o nosso olhar, parecendo preencher de modo satisfatório o imaginário que construímos, aquando da(s) leitura(s). O patriarca da família, Afonso da Maia, é-nos apresentado no vigor da idade, num registo, até de som, a conduzir-nos a uma distante época do cinema a preto e branco (lembrei-me das longas de Leitão de Barros), marcando, com sucesso, a técnica do flashback. A narrativa em “tempo real” dá lugar à cor, discreta, acentuando o avanço no tempo. Cenários a reproduzirem uma Lisboa de outrora, com a Casa Havaneza e a Brasileira de oitocentos, afiguram-se modo inteligente de recriar, com sucesso, os finais do século dezanove. Os interiores, esmerados, coincidem com as decorações que visualizamos, ao longo da leitura do romance. Tratando-se de uma apreciação impressionista (a escriba não tem pretensões de crítica, assumindo-se, em primeira instância, enquanto leitora), salientam-se as personagens de Afonso da Maia e de João da Ega, muito próximos do imaginário gerado pela leitura pessoal e repetida, quer na qualidade de estudante, quer na de docente que, por diversas vezes, regressou às deliciosas linhas queirosianas. As personagens femininas, de uma beleza dos nossos tempos, parecem distanciar-se do padrão da época: mulheres magras, esbeltas, ao contrário das personagens femininas descritas, na obra, como tendo formas algo arredondadas. Será ligeiro apreciar um filme com a duração de três horas em meia dúzia de linhas. A verão comercial, prestes a ser estreada, terá duração mais curta. No entanto, exige mestria a adaptação de um texto extenso de descrições detalhadas, o que nos parece ter sido alcançado. Marcou o simbolismo da queda de um varão de metal e da pesada cortina que sustenta, num dos momentos mais altos do enredo, quando o elo de parentesco a unir Carlos da Maia a Maria Eduarda é revelado ao patriarca da família. A adaptação respeitando, nos diálogos, a fina ironia queirosiana, prende-nos ao ecrã . Olhando a novidade na perspetiva da docente (sem descurar a da leitora), encara-se a nova ferramenta, a longa metragem, como sendo útil na motivação (e descodificação) à leitura dos jovens, cuja faixa etária e solicitações do presente tornam tentadora a leitura de resumos ‘estafados’ que pretendem sistematizar o romance, levando, por diversas ocasiões, à apresentação de trabalhos saturados de observações repetidas, plenas de lugares-comuns. Admiradora de A Cidade e as Serras, pensa-se : “para quando a adaptação à sétima arte?”.
Saída da ficção para a realidade (do Cinema S. Jorge para o estacionamento), olho os gatos que agora povoam um Parque Mayer quase desertificado, pensando como são distantes, em estatuto, do bem nutrido Reverendo Bonifácio, a mascote de Afonso da Maia.